quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

O joio do trigo

Curto e grosso:
Se tivesse uma imagem para “O curioso caso de Benjamin Button” seria a de um cocozinho envernizado daqueles de desenho animado com um laço vermelho adornando-o. Ou um halterofilista impotente. Ou, brincando com o enredo,: um pobre bebe que já nasce velho.
O filme da Warner – produto industrial – cumpre seu principal objetivo: o lucro. Muito dinheiro investido e – acho – o grande público não vai decepcionar os cofres dos produtores. Enquanto cinema, porém, não vale o que o gato enterra.
E isso é bom! Quando surge um Benjamin Button, um Batman um Hospedeiro crescem, um Zodíaco se fortalesce...
Existem filmes bons e ruins. Blockbusters geniais e produtos de segunda categoria. Oscar e Valor. Indústria e Cinema.
e .


Mateus Moura.

3 comentários:

Felipe disse...

Benjamim Button surtiu sobre mim um efeito bizarro. Vejo as pessoas reclamando da edição, de enquadramentos "desleixados", de uma montagem que, em alguns momentos, se rende ao supérfluo (essa sendo, talvez, a primeira crítica específica de um aspecto do filme com a qual concordei), da duração que se faz sentir, e quase sempre sorrio porque minha experiência com o filme foi extremamente prazerosa: claro que nesse prazer há muito de pessoal, muito de certos aspectos do ato de se contar uma história que eu sei, e entendo, que só atingem a mim porque eu sou eu, e não outra pessoa, mas acho que o filme tem sido objeto de um desprezo algo injusto. Enquanto narrativa o problema que enxergo no filme é a montagem que intercala o passado-história de Benjamim com o presente-moribunda-cate blanchett. Afora isso gosto da opção de contar o tal curioso caso de forma extremamente convencional, escolha que me parece ser baseada na preferência que David Fincher tem em registrar, e não refletir sobre os acontecimentos do filme. Muito se fala também em "filosofia de botequim", uma das acusações que eu acho mais engraçadas, porque minha percepção foi a de que o diretor percebeu que a narrativa em si (nascer velho, morrer jovem, a solidão que advém dessa condição) já surte o efeito da "reflexão", conduzindo o público a refletir por meio da sua direção propriamente dita, ao meu ver, no início e no fim do filme (com a história do relógio que anda pra trás). Não enxergo enquadramentos "desleixados", mas uma câmera que aparenta se preocupar com personagens, e suas ações e reações a acontecimentos insólitos: uma das grandes impressões que me ficaram foi que o filme (enquanto técnica/estrutura cinematográfica) é tão simples quanto seu protagonista, e que assim como ele aconteceu de estar contando uma história algo fantástica, e foi a partir desse meu entendimento que uma das maiores críticas que ouvi sobre essa obra de Fincher, a de ser pretensiosa, ficou pra trás. Pra mim era esperado que o diretor se enveredasse por uma dissertação sobre, digamos, a "crueldade da impossível interrupção do tempo", e ao negar a reflexão sobre a condição da pessoa em benefício de observar a trajetória da mesma, Fincher me conquistou como espectador. Sim, é menor que Zodíaco, e comentar sobre as 13 indicações ao Oscar me parece desnecessário, mas Benjamim Button não é ruim, e me cativou de uma forma que poucos filmes têm conseguido (o que eu sei, geralmente, não se deve a méritos artísticos, mas a um outro viés que não pode ser ignorado, mas ok ok, estamos falando de cinema aqui). Espero que David Fincher, nos seus próximos projetos, faça filmes tão bons ou melhores (de preferência) do que Zodíaco, de fato uma obra-prima, mas não reclamo de um Benjamim Button no meio do caminho.

Mateus Moura disse...

Pode cre, pra mim ninguem falou melhor desse filme que voce nesse comentario..

enquanto cinema, enquanto criação, enquanto rigor, enquanto coração, nada.

Pra mim é um filme da Warner, não do Fincher, ele é mais uma engrenagem do relógio.. a Warner poderia ter feito um filme bom, mas na minha opinião é bem fraco.

Discordo bastante da questão do david fincher registrador, o filme só tenta ser espetáculo. Não acho - e nem importa - que o filme seja contado de forma convencional. O modo de fazer que é medíocre. Não acho que é escolha do Fincher mas incompetência (talvez dele, talvez do produtor - e aí é foda eleger um responsável).

Mateus Moura disse...

o blog mudou para: http://cinemateusmoura.blogspot.com/